Movimentações estão a todo vapor, mas cenário ainda está morno e decisões só devem ser sacramentadas próximas das convenções partidárias
Em política, as movimentações para a próxima eleição têm início logo que as urnas são abertas e o vencedor é anunciado naquele pleito. Nesse período, as forças costumam se reorganizar para discutir a formatação da base para o Poder Executivo, formação da oposição, e claro, a construção de novos ou a reciclagem de antigos pretendentes.
O Instituto Opção Pesquisas revelou no último dia 5 de junho, que o pelotão de frente da corrida eleitoral de 2024 é formado por Adriana Accorsi (PT), com 19,7% das intenções de voto; Vanderlan Cardoso (PSD), com 19%; e Gustavo Gayer (PL), com 18,7%. Sandro Mabel (UB) aparece em quarto com 9,8%, e o atual prefeito, Rogério Cruz (SD) marca 5,7%. Completam ainda a disputa o jornalista Matheus Ribeiro (PSDB) está em sexto, com 3,2%. O empresário Leonardo Rizzo (Novo) aparece em sétimo, com 1,5%.
O cientista político Guilherme Carvalho avalia que a morte de Iris Rezende e Maguito Vilela, ambos do MDB, deixou o cenário eleitoral na Capital mais aberto devido à “parida de forças políticas” e que ainda é cedo para cravar quem são os pré-candidatos com vantagens.
O especialista em marketing político Hamilton Carneiro explica que apesar do momento ser agitado, o clima ainda está morno e o eleitor não está prestando atenção nessas movimentações. “Temos o eleitor ideológico que está com o candidato desde o começo, mas ele custa muito a definir seu voto. A gente tem um momento de racionalidade desse eleitor que vai escutar as propostas e esses candidatos, mas a definição dele é mesmo nos últimos dias”, conta.
Adriana Accorsi
O primeiro anúncio de pré-candidatura veio com o PT ainda em janeiro, quando o nome da deputada federal Adriana Accorsi (PT) foi definido para a disputa à Prefeitura de Goiânia. O mote da campanha foi definido com uma clara referência a eleição presidencial que alçou Lula (PT) à presidência da República, com a criação de uma frente ampla que envolve os tradicionais partidos de esquerda e legendas mais ao centro e da centro-direita.
Apesar da busca por um perfil mais ao centro, o cientista político Guilherme Carvalho não vislumbra no horizonte uma aliança relevante para o PT nesse espectro. “Apesar de um arco de alianças muito amplo nacionalmente, no cenário estadual o PT tem dificuldades para conseguir sair do arco da centro-esquerda. Aliados do centro hoje caminham com o governador, então eu vejo a candidatura com mais dificuldades nesse sentido”, diz.
Na disputa pelo Paço Municipal pela terceira vez (2016, 2020 e 2024), Adriana é uma das principais apostas do PT em capitais. No auge do antipetismo, em 2016, ela teve pouco mais de 46 mil votos. Na segunda disputa, Accorsi dobrou a votação e alcançou 80,7 mil votos, mas foi insuficiente para alcançar o segundo turno, disputado por Vanderlan Cardoso (PSD) e Maguito Vilela (MDB).
Vanderlan Cardoso
Vanderlan Cardoso (PSD), por sua vez, foi o segundo pré-candidato a anunciar que estaria no pleito deste ano. O apoio de Vanderlan foi cobiçado pelos principais adversários e, apesar de ele rejeitar a tese de que abriria mão da disputa para compor com outro grupo, sua candidatura é tida como uma incógnita no meio político.
Ainda assim, o senador tem avançado nas discussões sobre plano de governo e formação da chapa. Quem sai na frente para integrar a chapa de Vanderlan é a ex-presidente do Conselho Regional de Contabilidade (CRC) Sucena Hummel (PSD), que deixou o cargo para elaborar a parte fiscal do plano de governo do senador e é cotada para a vice.
Gustavo Gayer
A chegada de Gustavo Gayer (PL) ao final do pleito ainda é uma incógnita para quem acompanha política, mas ele já definiu o vice que vai ombreá-lo caso realmente coloque a campanha na rua. Analistas avaliam que o pré-candidato já chegou ao teto das intenções de voto e, sem alianças com outras legendas, dificilmente conseguirá se manter após as convenções partidárias. O pré-candidato, por outro lado, tem utilizado essa desconfiança quanto à sua permanência na disputa como combustível.
Ele se apoia ainda na popularidade do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e no discurso ideológico para se firmar e ganhar musculatura para se manter no pleito. Carvalho avalia que ele e Accorsi farão uma disputa paralela no campo ideológico a partir de uma nacionalização e polarização da disputa. “Para qualquer uma das duas candidaturas crescerem, elas precisam dessa nacionalização. Eu acho que é mais fácil para o Gayer apostar em uma chapa pura do bolsonarismo”, aponta.
Mabel e a base de Caiado
No quesito alianças políticas, quem se destaca é o pré-candidato Sandro Mabel (UB). Escolhido pelo governador Ronaldo Caiado (UB) como representante da base, o empresário e ex-presidente da Federação das Indústrias de Goiás (Fieg) chega na disputa com grupo um grande de partidos aglutinando as principais legendas.
Quando anunciou a pré-candidatura, Mabel repetiu por algumas semanas que o perfil para o vice seria de uma mulher evangélica. Ele recuou desse discurso para ampliar as possibilidades de aliança, principalmente após insistência do grupo do presidente da Assembleia Legislativa de Goiás (Alego), deputado Bruno Peixoto (UB) em indicar o vice. Vice aliás, que também é disputado pelo MDB. O argumento dos emedebistas é que o partido sempre disputou em Goiânia e que “quem quer vencer eleições na capital precisa do MDB na chapa”.
Um movimento que é percebido na pré-campanha do empresário é o da aproximação corpo a corpo com o eleitorado através de reuniões, como a promovida com a população no Parque Marcos Veiga Jardim. Além da prioridade para as redes sociais, que terão, novamente, um peso significativo na busca pelo voto, o pré-candidato tem dado uma atenção especial para eventos em que irá ouvir e discutir os problemas da cidade no tête-à-tête.
Rogério Cruz
Atual prefeito e candidato natural a reeleição, o prefeito Rogério Cruz (SD) enfrenta desgastes, tanto com a população, quanto políticos, e também é tido como uma provável vítima do afunilamento das candidaturas. Antes filiado ao Republicanos, Cruz foi convidado a se retirar do partido pois não teria espaço na legenda para disputar a reeleição.
Carvalho avalia que apesar da baixa popularidade e da dificuldade para compor com outras legendas, ainda não é possível cravar a desistência. “Ele vai ter que buscar alianças com pessoas de um perfil menos relevante politicamente, mas vai contar com a estrutura da Prefeitura e do Solidariedade. É difícil se viabilizar, mas tem que ver se a propaganda cola e se as entregas das obras de última hora vão servir”, avalia.
Entre os pré-candidatos, Rogério é o mais rejeitado pela população, segundo levantamento do Opção Pesquisas. 34% dos entrevistados afirmaram que não votariam de forma alguma no atual prefeito. Adriana Accorsi vem em segundo lugar, com 23,8%. Gustavo Gayer é rejeitado por 8,2% dos eleitores. Vanderlan Cardoso tem rejeição de 6%. Sandro Mabel tem rejeição de 5,3%. Fábio Tokarski tem rejeição de 4,5%. Leonardo Rizzo é rejeitado por 2,5%. Matheus Ribeiro tem a menor rejeição, com 2,3%.
Leonardo Rizzo
O pré-candidato do Novo, Leonardo Rizzo, tende a disputar a Prefeitura de Goiânia em uma chapa pura, ou seja, com o vice do mesmo partido que o cabeça da chapa. Rizzo disse em entrevista ao Jornal Opção que o vice deve ter um perfil mais jovem. Já o plano de governo conta com uma auditoria da implementação do atual plano diretor. Apesar disso, o empresário já sugeriu que pode ocupar o posto de vice em chapas de outras candidaturas.
Matheus Ribeiro
Já o pré-candidato do PSDB luta para afastar o estereótipo de que não estaria preparado para comandar a cidade por conta da idade. O jornalista, que é crítico da atual gestão, avalia que o enxugamento dos cargos e das secretarias pode dar um fôlego no caixa da prefeitura.
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