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Após prisão de coronel, governo de GO cria protocolo diferenciado para policiais

Entre outras medidas, está proibida a divulgação de qualquer informação sobre o alvo e prioridade no atendimento nos exames no Instituto Médico Legal

A Secretaria Segurança Pública de Goiás publicou uma portaria com normas que dão tratamento diferenciado a seus servidores em caso de prisão. Entre outras medidas, a pasta proíbe a divulgação de qualquer informação do alvo – mesmo em caso de condenação – e exige que ele seja acompanhado de integrantes da Corregedoria, prioridade no atendimento nos exames no Instituto Médico Legal e prisão especial em unidade da corporação a qual pertence.

As informações são do O Popular. O principal jornal de Goiânia destaca, em reportagem publicada nesta terça-feira (2) que a portaria foi publicada uma semana após a prisão do coronel Benito Franco, da Polícia Militar de Goiás, em uma das fases da Operação Lesa Pátria, da Polícia Federal, que visa identificar pessoas que participaram, financiaram, omitiram-se ou fomentaram os atos criminosos de 8 de janeiro, em Brasília.

Benito Franco tem 43 anos, sendo 25 como integrante da PM goiana. Ele comandou o batalhão da Rondas Ostensivas Táticas Metropolitana (Rotam) entre janeiro de 2019 e agosto de 2021. Também é piloto de aeronave da corporação e instrutor de vários temas no Curso Operacional da Rotam, como tiro policial defensivo, abordagens e doutrina.

Nas eleições de 2022, foi candidato a deputado federal pelo PL e obteve 10.343 votos, insuficientes para uma das cadeiras na Câmara. Durante a campanha, como fazia antes mesmo do período eleitoral, o militar publicava vídeos de operações policiais, exibindo nomes e vídeos de acusados dos mais diversos crimes – mesmo sem denúncia formalizada pela Polícia Civil ou pelo Ministério Público, muito menos alguma condenação.

Divulgar nome, idade, fotos e vídeos de suspeitos de crimes, presos ou procurados, é um procedimento comum pelas corporações sob o guarda-chuva da Secretaria Segurança Pública de Goiás, que agora proíbe que o mesmo seja feito com seus integrantes sob a mesma condição.

Coronel fez vídeos contra o sistema eleitoral e favor de ato contra posse de Lula
Após a derrota nas urnas, o coronel da PM goiana aumentou os ataques públicos ao sistema eleitoral brasileiro, em defesa de Jair Bolsonaro, seu colega de partido, que também havia perdido a eleição. O oficial ainda incitou o movimento que levou milhares a se concentrar na porta dos quartéis do Exército, culminando na invasão e depredação das sedes dos Três Poderes em Brasília.

Um dos vídeos do coronel Benito Franco publicados nas redes sociais após a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva para a Presidência da República levava o título “22 Bolsonaro não teve nenhum voto de nenhum índio no Brasil inteiro”. entre outras coisas, o militar disse que o não reconhecimento da vitória de Lula por parte de Bolsonaro fazia parte de uma “estratégia”.

“Vimos que o presidente aguentou esse tempo todo e você reclama que o presidente está em silêncio? Só o fato de ele não ter anunciado e reconhecido a vitória do ladrão (sic) já diz tudo e é o que você precisava saber. Então mantenha a calma. Ninguém tá brincando de bandeirinha na rua não. A coisa é complexa e demanda tempo e toda uma série…”, afirmou o oficial da PM de Goiás em determinado trecho.

Em seguida, Benito Franco disse que os acampamentos bolsonaristas na frente dos quartéis eram um claro sinal que a população não deixaria Lula tomar posse. E ele garantiu que faria parte de tal movimento.

“Pelos meus filhos, pelos seus filhos. Até pelos seus filhos, eleitores do Lula, que não se importa de obter as coisas licitamente, eu, coronel Benito Franco, da Polícia Militar de Goiás, ex-comandante do batalhão de Rotam, falo com todas as letras: o ladrão (sic) não sobe a rampa.”

A PM de Goiás abriu um procedimento administrativo para apurar o conteúdo do vídeo. Com isso, o coronel recuou. em novo vídeo, disse que a vitória de Lula era “democraticamente e reconhecidamente” pelos Três Poderes da República. Em dezembro, o Ministério Público de Goiás (MP-GO) denunciou o coronel à Justiça estadual pelos vídeos contra o sistema eleitoral e a favor de um ato contra a posse de Lula. Não há prazo para o julgamento dele.